Crescemos com a obrigação de ser corajosos. Desde crianças
aprendemos que é preciso enfrentar o medo e desafiar os obstáculos.
Para os meninos a cobrança é seletiva: quem não é corajoso
é maricas, mulherzinha, não merece viver entre os fortes,
os machos, que é como aprendemos desde cedo
a identificar os valentões...
Aprendemos ainda que para ter coragem é preciso ser agressivo
sempre, e aí a coisa pega: acabamos confundindo agressividade
com agressão. Ao invés de agressivos, nos tornamos agressores...
É difícil para o homem aprender que coragem é uma virtude
feminina. Crescemos acreditando que nossa índole é a de procurar
sempre a conquista. Nossos presentes natalinos desde cedo
trazem forte componente de violência - somos alçados à condição
de mocinhos, cowboys, policiais, paradigmas do que nos devemos
nos transformar na vida quando adultos, e aprendemos que
trazer justiça ao mundo só na base da porrada. Ser corajoso
torna-se “ser forte fisicamente”, senão com os braços,
pois a natureza às vezes nos faz mirrados, pelo menos
com armas e artefatos bélicos.
Somente depois de muitas surras da vida é que conhecemos
o lado mágico da coragem.
Aprendemos – aqueles que se posicionam dispostos a aprender,
é claro – que ter coragem é cobrar-se o tempo todo.
Realizamos que é preciso coragem para mudar,
para acertar os erros, para se descobrir ignorante.
Àquela virtude que chamamos de fraqueza boa parte de nossa
vida, descobrimos com a experiência que é nosso maior desafio;
ser dócil e pacífico é qualidade de gente forte, gente corajosa.
Até para aprender precisamos de coragem. Coragem para
revelar ao mundo os erros cometidos, as opções erradas
e as escolhas precipitadas que fizemos.
Para os que preferem Rambo ou Indiana Jones como
modelos de coragem e astúcia a serem perseguidos,
a vida sempre dá uma segunda chance. Mas é preciso
humildade para entender o recado... Por Alexandre Pelegi.
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